Sentimentos que eu não consigo explicar, normalmente me assustam um bocado, porém, hoje, a melhor coisa que existe é me faltarem palavras para descrever o quão bem eu estou. Quando eu saí do Opinião ontem, minha satisfação era tal, que se eu morresse naquele minuto, morreria realizada. Foi uma das coisas mais bonitas que eu já vi em toda minha vida. Todos os meus amigos em um mesmo ambiente por um motivo em comum, uma das melhores bandas que conhecemos. A cada minuto que passava antes de Stephen, Chris, Joseph, Deon e Nathan entrarem no palco, a expectativa aumentava. Cada vez que faltava luz, o escuro nos cobria com o receio de o show ser cancelado. Até que antes de a luz elétrica voltar, os olhos azuis do Chris iluminaram o ambiente, luz que, em seguida, foi substituída pelas centenas de flashes ao seu redor. Conseguimos a sonhada foto com pelo menos um dos integrantes da banda e mesmo antes de o concerto começar, minha emoção já transbordava pelos olhos. Lembro de olhar para o Nicholas e dizer repetidamente “Eu não acredito que estamos aqui. Eu não acredito que é mesmo hoje”. E era. Quando as luzes diminuíram e anunciaram a entrada deles, minhas pernas tremeram, era de verdade. Então eles entraram no palco, o Stephen foi o último, e começou. Eu não sabia se gritava, chorava, pulava, cantava ou tudo junto. Gritei e cantei as músicas como se fossem as últimas palavras que sairiam da minha boca. Abracei desconhecidos, pulei o mais alto que eu pude. Senti cada música, cada momento, cada gesto, grito e abraço. Nunca me senti tão bem. Quando eu parei de pular por um minuto, e olhei com calma para aqueles cinco indivíduos em cima do palco e percebi tudo o que eles significavam para mim, eu desandei. Meu sorriso de orelha a orelha foi substituído pelas mãos no rosto e lágrimas que insistiam em sair. Não era possível que eles estivessem ali, a poucos metros de mim. A Júlia me olhou e me deu um abraço e eu não consegui dizer um singelo obrigado, tudo o que saiu foi a frase que eu repeti durante a noite toda “Estou sem palavras”. A cada intervalo o público pedia “Naive Orleans” e eu lembrava o set sem essa música. Até que veio o bis. Quando começou “A Day Late”, minha música preferida, eu olhei para esquerda e o Nicholas apareceu ali e nós demos as mãos e aquilo foi mágico. Eu olhava para a Fernanda e não sabia expressar tudo aquilo que borbulhava dentro de mim. Eu tinha borboletas, passarinhos e tudo de bonito desse mundo em mim. Então, quando pensávamos que ia acabar, o Stephen parou no microfone central e disse “Esse foi o primeiro show, mas com certeza não será o último. A banda brasileira responsável por nos trazer foi a Fresno, obrigado, Fresno! Eu quero que vocês cantem essa música o mais alto que puderem, essa é para vocês e para a Fresno!” E começou “Naive Orleans”. Todos ficaram extasiados. Todas as pessoas naquele espaço cantavam, gritavam e sentiam aquela música, a última e mais pedida. Eu precisava mostrar, então encontrei o Dimmy e disse “Esse vai ser o único favor que eu vou te pedir na vida, mas me coloca nos ombros?” Ele abaixou-se e em segundos eu estava na altura do Stephen. Senti toda energia positiva daquele lugar em dobro. Em seguida, o Stephen foi até a ponta do palco interagir com os fãs. Eu estiquei minha mão o máximo que pude, gritei “HERE!” e ele me viu e pegou na minha mão, como na das outras pessoas que estavam perto de mim. Tudo isso ao som de uma das músicas mais bonitas que eles já escreveram. Depois disso, eu me senti a melhor pessoa do mundo. Um canhão de emoções e sentimentos bons pulando dentro de mim. Eu desci, abracei o Pedro e disse “Pedro, eu toquei nele”. As lágrimas voltaram e dessa vez com intensidade. Tinha acabado o melhor show da minha vida. Muito obrigada a todos aqueles com quem eu compartilhei essa noite, e que a compartilharam comigo. Isso vai ficar guardado para sempre em mim. E apesar dessa descrição de 698 palavras e de ter sido memoravelmente genial, a melhor definição para esse show seria: indescritível.